Leitura
Orante – Solenidade de todos os santos, 06
de novembro de 2016
SANTIDADE: PRESENÇA MISERICORDIOSA
“Bem-aventurados os misericordiosos,
porque esses
serão tratados com misericórdia” (Mt 5,7)
Texto Bíblico: Mt 5,1-12
1 – O que diz o texto?
A
liturgia deste domingo nos motiva a fazer memória dos Santos e Santas, aquelas pessoas que, conhecidas ou anônimas, são
presenças inspiradoras para nós que buscamos viver o seguimento de Jesus Cristo
com mais autenticidade. Ao mesmo tempo, esta festa vem nos recordar a vocação à
qual todos somos chamados: vocação à
santidade. E santidade
significa, na sua essência, ser presença
misericordiosa.
Para
Jesus, a Santidade é
fundamentalmente a atitude e o modo de agir que deixa fluir os mesmos
sentimentos e a mesma ação de Deus Pai: “Sejam misericordiosos como o Pai é
misericordioso” (Lc 6,36).
Jesus, ao subir o monte das bem-aventuranças, promulga seu programa de
“felicidade e ventura”.
Ele compreendeu que o meio mais eficaz e mais direto para nos
aproximar de Deus, e para que cada um se realize como ser humano que é, não é
estabelecer proibições,
mas fazer propostas que
mais e melhor se harmonizem com nossa condição humana, com aquilo que mais
desejamos.
Com efeito, a primeira característica que aparece nas bem-aventuranças
é que o programa de vida que Jesus
nos confiou é um programa para alcançar a felicidade, a vida ditosa,
prazerosa, bem-aventurada. Na boca de Jesus brilha sempre a palavra chave: “Felizes”.
Jesus nos convida a viver uma felicidade
que já está em marcha.
2 – O que o texto diz para mim?
A vida é movimento e as bem-aventuranças possibilitam a
passagem de uma vida suportada para uma vida plenamente assumida.
O núcleo do ensinamento de Jesus está na quarta e quinta bem-aventuranças. A atitude central do discípulo do
Reino é a misericórdia e
a fome de justiça; uma
fome de justiça que brota da misericórdia, e uma misericórdia que se expande
não no mero assistencialismo, mas na fome e sede de justiça.
Convertidas em principio de felicidade, a misericórdia e a fome de
justiça são o dinamismo e o motor de toda verdadeira humanização; esta é a
nota fundante do Evangelho, o princípio de todo amor cristão, entendido de
forma universal, como amor que cria, ajuda, pacifica, eleva..., enfim, abre um
horizonte de sentido.
A terceira e a sexta bem-aventuranças: de um lado uma
pessoa aflita, condoída,
sofredora, com um pesar pela situação do mundo, pela dor das
vítimas; ou seja, a fome e sede de justiça e a misericórdia lhe deixam um certo
entristecimento, compatível com muitas alegrias. De outro lado, essa dor faz
com que, aquele que reage com misericórdia e fome e sede de justiça, tenha o coração limpo: a fome de justiça
vivida com esse tipo de dor limpa o coração. E os corações limpos encontram a
Deus.
A segunda e a sétima bem-aventuranças: aqueles que tem
misericórdia e fome de justiça são mansos.
A mera indignação pode torná-los violentos, mas a misericórdia os faz mansos,
não violentos. E também, precisamente por essa mansidão, serão atores de paz, serão pacificadores.
As demais bem-aventuranças são como círculos concêntricos que nascem
em torno à atitude fundamental da misericórdia e da fome de justiça.
3 – O que a Palavra me leva a experimentar?
O Evangelho, a “boa notícia”, é o tesouro que enche o ser humano de
uma felicidade indescritível.
Portanto,
é nas bem-aventuranças que encontro
um “modo de proceder” que me faz crescer na direção da Santidade de Deus.
É na
vivência das bem-aventuranças que me deixo transparecer o que há de mais divino em mim; ao mesmo tempo, elas
fazem emergir o que há de mais humano
em minha vida.
A plenitude do humano só se alcança no divino, que já está presente em
mim.
Ser santa é aspirar ser mais humana
a cada dia, destravando e expandindo o amor que Deus derramou em meu interior.
As bem-aventuranças desvelam
o verdadeiro rosto do(a) santo(a).
Dizer que são felizes os pobres, os que choram, os mansos, os
misericordiosos, os que tem fome e sede de justiça, os perseguidos... é um
contra-senso para o contexto social em que vivo, onde ditoso é aquele que mais
acumula bens, que tem mais poder, mais prestígio..., sem se preocupar com a
situação dos outros.
Só conhecendo a intenção de Jesus é que poderei descobrir o sentido das bem-aventuranças. Só
descobrindo o que há de Deus em mim, poderei cair na conta do verdadeiro
sentido da santidade.
Não bastam os meros sentimentos interiores, mas é preciso atitudes
práticas que me fazem sair de mim mesma e me mover ativamente ao encontro do
outro.
Poderia dizer que as Bem-aventuranças
são a quinta-essência do seguimento de Jesus.
4 – O que a Palavra me leva a falar com Deus?
Senhor, quando coloco a santidade
no extraordinário, estou me afastando da referência evangélica.
Se creio que santo é aquele que
faz o que ninguém é capaz de fazer, ou deixa de fazer aquilo que todos fazem,
já caí na armadilha do ideal de perfeição.
E a perfeição não justifica e nem salva o ser humano.
Não fui chamada para ser “perfeita” mas para ser “santa”; e a
santidade é vivida em meio às fragilidades e limitações da vida cotidiana,
inspirando-se sempre na santidade de Deus.
É na medida que me faço mais humana que mais me santifico.
Ser santa é ser humana por excelência.
Quando acredito que para ser santa tenho de anular os sentidos,
reprimir os sentimentos, submeter a vontade, centrar a vida nas renúncias e
sacrifícios… eu estou me desumanizando.
5 – O que a Palavra me leva a viver?
As bem-aventuranças; o
potencial humano que, quando ativado, espalha criativamente, por todos os
lugares, a Bondade e a Beleza divinas.
Expressam, de modo conciso e explícito, o coração mesmo de Jesus e seu
desejo ardente de contagiar a todos os que se encontravam com Ele.
A felicidade proclamada era
já uma realidade presente na Sua pessoa e na Sua missão.
Jesus me desperta para sair de minha paralisia e fixação, colocando-me
em marcha através de minha fome e sede de justiça, através dos lutos que tenho
de superar e das oposições que tenho de enfrentar, através da mansidão e da
busca da paz…
O
chamado a prolongar o proceder misericordioso de Deus (sua Santidade), sempre
tem um “mais” de amor, de paz, de mansidão, de justiça, de consolação...,
recebido e vivido na relação com os outros, dentro do acontecer cotidiano e
imprevisível da vida.
Fonte:
Bíblia Novo Testamento – Paulinas: Mt 5,1-12
Pe. Adroaldo Palaoro, sj –
reflexão do Evangelho
Desenho:
Osmar Koxne
Sugestão:
Música:
Orar costuma fazer bem – fx 05 (03:33)
Autor
e Intérprete: Pe. Zezinho, scj
CD:
Canções em fé maior
Gravadora: Paulinas Comep
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