12º
DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO C
Leituras:
Zc 12, 10-11; 13, 1; Sl 62; Gl 3, 26-29; Lc 9, 18-24
* Por Gabriel Frade
“Eu sou o Bom Pastor, e dou a
vida por minhas ovelhas, diz o Senhor” (Antífona da comunhão).
A profecia de Zacarias afirma o dom que
Deus fará a seu povo: um espírito de graça e oração para que o povo possa olhar
para o Senhor. Esse Senhor é ainda apresentado como alguém que sofre uma morte
violenta. Na alusão ao trespassado – talvez uma indicação feita à morte do Rei
Josias, um dos reis mais amados pelo povo – os cristãos viram a profecia
concernente ao Cristo crucificado que morre pelos pecados da humanidade.
No Evangelho, de fato, nos é apresentada
a figura de Jesus como o Messias profeta que deve cumprir a vontade de Deus,
vontade que misteriosamente passará não pelos caminhos do sucesso mas, pelas
estradas do sofrimento.
Lucas nos apresenta Jesus em oração, num
lugar solitário. Em todos os principais momentos da vida de Jesus, a oração, a
intimidade com o Pai é sempre uma ação que precede.
Neste caso, a oração precedeu uma
pergunta relativamente simples que Jesus faz ao grupo mais íntimo dos doze:
“Quem diz o povo que eu sou?”. Essa pergunta de Jesus parece nos colocar
diretamente no cenário da revelação quando Moisés pergunta sobre o nome, isto
é, a essência mesma de Deus (cf. Ex 3,14).
Parece que o olhar do povo para Jesus
não é ainda o olhar justo. Jesus é comparável aos grandes profetas; parece ser
possível enxergar nessas comparações atribuídas ao povo muito mais uma alusão
àquilo que Jesus pode oferecer, isto é, os milagres maravilhosos, do que
propriamente uma percepção mais profunda sobre quem realmente é Jesus.
Curiosamente Jesus muda a perspectiva.
Pergunta aos discípulos de todos os tempos, àqueles que conviveram mais
proximamente consigo: “E vós, quem dizeis que eu sou?”.
A simplicidade e a clareza da pergunta
não poderiam ser mais impactantes. Jesus no hoje de nossa história pergunta
para cada um de nós: “Quem sou eu para você?”. Ele não espera mais a resposta
que, eventualmente, poderíamos dar baseados no catecismo da primeira comunhão.
Provavelmente ele não quer que respondamos com palavras pré-fabricadas, lidas
em algum escrito espiritual, ou até mesmo no catecismo da Igreja Católica.
A simplicidade da pergunta exige que nos
coloquemos frente ao Senhor, uma pessoa viva, o Ressuscitado, e que respondamos
com a sinceridade da nossa vida. Quem é esse Jesus para mim hoje?
Diante dos fatos atuais, das
manifestações juvenis que impressionam o nosso Brasil, que sentido tem as
palavras desse Jesus que nos convida a tomar “a cruz a cada dia”. Será um
convite à aceitação passiva de todas as injustiças, ou será algo mais, algo que
Paulo mesmo descobriu ao afirmar sem rodeios, na segunda leitura, que ao nos
revestirmos de Cristo, já não há “nem homem, nem mulher, nem escravo, nem
livre”.
Afinal, quem é Jesus para nós hoje? É um
santo milagreiro, alguém que me dá consolação apenas nos momentos tristes?
A fé da Igreja, simbolizada na afirmação
de Pedro, nos leva a crer que esse Jesus é muito mais do que um líder
religioso. É muito mais do que um grande homem. É, na verdade, Deus mesmo que
se revelou em sua humanidade e que se mostra próximo a todos; que quer a
salvação de todos e que anseia ardentemente que possamos, ao conhece-lo em
profundidade, fazer os mesmos atos que ele fez, isto é, amando sem medida,
tomando partido dos mais fracos e dos mais desvalidos.
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