* Por Gabriel Frade
Leituras: Bar 5,1-9,
Sl 125 (126), Fp 1,4-6.8-11, Lc 3,1-6
Apesar
disso, Deus continua fiel: convida a viúva - isto é, Israel - a se alegrar
consigo, porque Deus “lembrou-se de seus filhos” e os reconduz à sua mãe. Deus
ao visitar o seu povo, na história do seu dia-a-dia, transforma a sua realidade
oferecendo a plena misericórdia e a plena justiça.
De
fato, a oração do dia evoca a misericórdia do Senhor, recordando que nosso
Deus, não é apenas misericordioso, mas está “cheio de misericórdia”.
“Ó
Deus todo-poderoso e cheio de misericórdia, nós vos pedimos que nenhuma
atividade terrena nos impeça de correr ao encontro do vosso Filho, mas,
instruídos pela vossa sabedoria, participemos da plenitude de sua vida”.
(Oração do dia).
Os
dicionários da língua portuguesa dão vários significados à palavra
misericórdia: perdão, clemência, compaixão, indulgência... Releva-se muitas
vezes o aspecto da gratuidade quando o sujeito que aplica a misericórdia é
Deus. Em contrapartida, a palavra “misericórdia” quando vista no âmbito humano,
evoca muitas vezes a destruição ou a morte, como, por exemplo, quando se diz “Dar
um golpe de misericórdia...” em alguém, com o significado de, em alguns casos,
provocar a rápida morte de determinado indivíduo.
Embora
também sejamos capazes de atos, no sentido mais positivo do termo, de
verdadeira misericórdia para com o próximo, percebemos que o exercício desta é
algo que muitas vezes nos supera. Experimentamos por vezes algo grande. Uma paz
interior e, muitas vezes, a alegria da reconciliação. Essa experiência talvez
se dê em nós porque nos sintamos próximos à própria atitude de Deus para com a
humanidade, prefigurada na história do povo da Bíblia. Com efeito, Cristo é
aquele que nos conecta à experiência do Deus misericordioso, que olhou a
pequenez da humanidade e veio em seu socorro: Ele que é o Emanuel, o
Deus-conosco.
“Acolhei,
ó Deus, com bondade nossas humildes preces e oferendas, e, como não podemos
invocar os nossos méritos, venha em nosso socorro a vossa misericórdia” (Oração
sobre as oferendas).
O
evangelho de Lucas situa o advento de Jesus na história do dia-a-dia, citando
personagens históricos: no centro da boa notícia cristã não está uma ficção,
mas uma história bem concreta. Na origem da figura do precursor e de seu
convite à conversão está a Palavra criadora de Deus. Palavra que comunica vida
nova e esperança da “plenitude da vida divina” (cf. Oração do dia) e que temos
o privilégio não só de ouvir, mas também de acolher em nosso íntimo através da
comunhão ao corpo e ao sangue do Cristo Palavra encarnada.
“Alimentados
pelo pão espiritual, nós vos suplicamos, ó Deus, que, pela participação nesta
Eucaristia, nos ensineis a julgar com sabedoria os valores terrenos e colocar
nossas esperanças nos bens eternos” (Oração depois da comunhão).
Neste
tempo de Advento será que buscamos misericórdia.
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