Betânia: casa de encontro, comunidade de amor.
“A casa inteira encheu-se do aroma do perfume”
Texto Bíblico: João 12,1-11
+ Prepare-se para a oração, criando um clima de silêncio e escuta amorosa.
+ Concentre a atenção no seu interior: sinta o pulsar do coração e o ritmo da respiração.
+ Permaneça, por uns instantes, saboreando o silêncio do seu coração, pois onde há
silêncio, aí está Deus presente.
+ Peça a Deus a graça de poder transformar a sua casa em nova Betânia: casa da
acolhida, da amizade, da partilha solidária, da convivência sadia...
+ Antes de “entrar em contemplação”, leia os “pontos” abaixo:
1 – O que diz o texto?
Neste início de Semana Santa, o Espírito nos leva a viver Betânia, a ser Betânia, a assumir Betânia:
- casa de hospitalidade e de escuta, onde todos somos irmãos sentados à mesma mesa, junto ao Mestre, o único Senhor, em quem se centra nossa hospitalidade e nossa escuta;
- lugar de descanso, como foi para Jesus, onde encontra humanidade, calor humano, compreensão, alívio;
- lugar de passagem, onde se recupera forças para viver situações de Páscoa;
- “casa dos pobres” (Beth-anawim): nela, em primeiro lugar, habitam nossas pobrezas pessoais e comunitárias, nossa pequenez e nossa fragilidade; mas, também, onde a dor de nosso mundo, da humanidade, tem lugar e tocam nosso estilo de viver, de nos relacionar, de nos confrontar em nosso seguimento de Jesus;
Jesus, perseguido pelos poderes civil e religioso, vai a Betânia, na casa das suas amigas Marta e Maria e de Lázaro. Mesmo sabendo que a polícia estava atrás de Jesus, os três irmãos receberam-no em casa e ofereceram-lhe um jantar. Acolher em casa uma pessoa perseguida e oferecer-lhe um jantar era perigoso. Mas o amor faz superar o medo.
Betânia é, para Jesus, o lugar da acolhida, da hospitalidade, da escuta, da amizade e do serviço. Ali, Ele expressa as atitudes humanas presentes na cotidianidade de uma família que Ele amava e que O amava.
Betânia é, para Jesus, um prolongamento de Nazaré, o lugar do cotidiano, do pequeno, do simples: o lugar da revelação.
2 – O que o texto diz para mim?
Neste ambiente, já não há mais rivalidade entre as duas irmãs, Marta e Maria, mas colaboração e complementariedade. Juntas se fazem transparentes para algo maior que elas mesmas. Certamente Jesus deixou “refletir” em sua vida o que viu fazer estas duas mulheres.
Os discípulos levavam muito tempo com Jesus e nenhum tinha feito com Ele o que estas duas mulheres fizeram. Ninguém lhe havia manifestado gestos de tanto amor. Elas estão totalmente presentes a Jesus; aceitam o que vai acontecer e o acompanham. Marta servindo a mesa e as mãos de Maria acariciando e ungindo os pés de Jesus. E Ele deixando que elas o façam. Um gesto que Judas julgou e a Pedro lhe custou receber.
Marta e Maria expressam sua amizade e fazem com Jesus o que Ele logo fará com seus discípulos no momento de sua despedida: os serve à mesa e lava seus pés. Jesus se deixou fazer, para poder fazer isso com outros e quis tomar para si os gestos destas mulheres para fazer memória de sua vida.
3 – O que a Palavra me leva a experimentar?
Impressiona-me que neste relato elas não falam, e expressam todo seu amor “mais em obras que em palavras” (S. Inácio).
Em lugar do cheiro da morte, a casa inteira enche-se do aroma do perfume. O perfume de Maria é o símbolo da vida e do amor de cada um. É um amor que não tem preço e está sempre voltado para os pobres.
Aqui, no centro do Evangelho de João, a comunidade, reconstruída no amor, exala o bom perfume que enche toda a casa.
“À luz de Betânia e de minha realidade quais perfumes derramar para superar mau odor dos meus ambientes?”
O que cheira mal entre em mim seguidora de Jesus: medo do risco e do novo, medo de perder seguranças; medo de equivocar-me, de experimentar outras maneiras de viver; medo de enfrentar situações desafiantes na sociedade, medo da dor e da morte...
Cheira mal as seguranças petrificadas, o imobilismo. Cheira mal a indiferença e a acomodação, sobretudo diante das necessidades de meu mundo. Cheira mal a desesperança frente a um futuro incerto.
Há um forte mau odor dentro de minha “bolha mofada”; custa-me reforçar laços, alimentar solidariedade, entrar em sintonia com a paixão da humanidade. Prefiro conservar a arriscar; percebo a inércia e a falta de renovação séria e profunda, uma falta de abertura frente ao diferente, uma perda de tempo gasto em estéreis conflitos entre pessoas, grupos, gerações, dentro de minha família e comunidade.
4 – O que a Palavra me leva a falar com Deus?
Senhor, detrás destes maus odores, vou tomando consciência do que os causa, isto é, uma série de atitudes, que necessitariam ser trabalhadas com o aroma de Cristo, fontes de vida nova, de libertação e de transformação. Algumas destas atitudes são: individualismo, ativismo, indiferença, preconceito, consumismo, intolerância...
A casa de Betânia se enche do “esbanjamento” do amor, da ternura, da misericórdia frente ao mau odor da violência, da exclusão, do orgulho autossuficiente.
Junto a Jesus, sou desafiada a esbanjar a vida com Ele, isto é, viver em e a partir da comunhão com o Deus da vida. Viver, em definitiva, como Jesus viveu, ou seja, Ele “derramou”, doou toda sua vida através de um compromisso real para fazer visível o amor de Deus.
Assim na experiência cristã, a vida se “derrama” para tornar visível o amor de Jesus a toda pessoa humana. Um “esbanjamento”, muitas vezes, incompreensível para tantos contemporâneos meu. Eles me lançam um duro questionamento: não seria a vivência cristã uma espécie de desperdício de energias humanas, um desperdício de talentos?
5 – O que a Palavra me leva a viver?
+ Ler, com calma, a cena do Evangelho indicado para este dia: João 12,1-11
+ Com a imaginação “fazer-se presente” na casa em Betânia: ver as pessoas, escutar o que elas dizem observar o que elas fazem. Deixar-me “afetar” pelo ambiente simples e acolhedor desta casa.
+ Procurar identificar-me com os personagens desta cena:
- Com Jesus Mestre, fazer-me mais humana e próxima;
- Com Marta, professar a fé e servir na gratuidade;
- Com Lázaro, passar da morte à vida e caminhar na liberdade do Espírito;
- Com Maria, quebrar os frascos e derramar o perfume da escuta e do amor.
+ Enfim, inspirando-me na casa de Betânia, desejar fazer de minha casa: espaço da mesa compartilhada, lugar da unção e do cuidado, ambiente que exala perfume da amizade, da gratidão, do amor...
+ Fazer a revisão da oração e anotar os sentimentos mais profundos que brotarem na minha visita à Betânia
Fonte:
Bíblia Novo Testamento – Paulinas: João 12,1-11
Pe. Adroaldo Palaoro, sj
Sugestão:
Música: Inquietações da fé – fx-06
Autor: Frei Luiz Turra
Intérprete: Coral Imaculada Conceição
CD: Caminhar sem medo
Gravadora: Paulinas Comep
Duração: 04:04
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