Leitura Orante – 17º domingo do tempo comum, 24 de julho de
2016
PAI-NOSSO: a grande
“petição” que nos descentra
“Pedi e vos será dado;
buscai e encontrareis; batei e vos será aberto” (Lc 11,9)
Texto
Bíblico: Lc 11,5-13
1
– O que diz o texto?
Na expressão “pedi e recebereis”, Jesus procura
despertar, naquele que ora, a confiança no Pai.
Isso é o que nos ensina, também,
a parábola do amigo inoportuno no evangelho de hoje; o que esta parábola
recomenda não é tanto a perseverança na petição, mas a perseverança na confiança; não nos diz que Deus
se colocará ao nosso lado pela insistência com que o pedimos, mas que Deus
sempre está de nosso lado, querendo dar-nos tudo o que de verdade necessitamos.
Ao entrarmos no fluxo do Amor
providente do Pai, a oração de petição
dilata o nosso coração para receber aquilo que pedimos. É uma mudança no
coração de quem reza. O sentido da petição
não está, pois, no pedir, mas nas atitudes
fundamentais da pessoa que pede. O que tem sentido não é a petição em si, mas a
humilde gratidão, a acolhida agradecida, a confiança incondicional.
O Pai Nosso é a única oração que Jesus nos ensinou e resume de
maneira simples sua mensagem, sua intenção e sua missão. Nela, Jesus expressa intimidade com o Pai e seu compromisso
com os outros, especialmente os mais pobres e sofredores. Se rezado com atenção
e profundidade o Pai Nosso é também,
para nós, um itinerário de expansão
de nós mesmos, uma proposta de descentramento.
Apesar de Deus ter muitos nomes
nas diversas religiões, a deslumbrante oração ensinada por Jesus só aponta um
nome: Pai. “Pai” é um nome que
qualquer ser humano compreende, um nome que não fere nenhuma cultura e não
fomenta qualquer sectarismo.
Por isso, tudo o que a oração do
Pai-Nosso pede é universal (pai, pão, perdão), sendo, ao mesmo tempo, muito
judaico, muito cristão, ou seja, muito humano.
2
– O que o texto diz para mim?
O Pai-nosso é uma oração universal porque ela é dirigida a todo ser
humano, de qualquer raça, cultura, religião, mas em especial àqueles que tem
coragem para se esvaziar de si mesmos e se tornar eternos aprendizes, àqueles
que procuram a serenidade e a mansidão, àqueles que tem sede e fome de justiça,
àqueles que querem construir uma nova sociedade.
Isso é ser cristão: na intimidade
com Deus, poder dizer “Pai” (ou “Mãe”). Saber que estou envolvida pelas mãos
providentes e cuidadosas do Pai, que sou presença de Deus no mundo (que Ele
vive e se expressa em mim), essa é a essência da oração cristã. Nada mais, só
isso: “Abba”, Pai/Mãe, proclamado e vivido... para assim crescer e ser humana a
partir de Deus.
Como todo judeu, Jesus orava com
frequência em forma de súplica e petição.
E o Pai-Nosso é uma grande
petição. Nela manifesto minha atitude
filial: reconhecer a Deus o direito de ser Pai.
O ser humano recorre a Deus como pobre, limitado, extraviado... A oração
de petição é uma atitude do pobre que tudo agradece e tem
consciência de esperar tudo de Deus.
3
– O que a Palavra me leva a experimentar?
A petição como atitude, me desarma de minha auto referência e me faz
sair de mim mesma numa dupla direção: ao Pai e aos outros. Ela tem um sentido
muito nobre porque com isso confesso a minha indigência diante de Deus, manifesto a minha confiança e reconheço a Sua grandeza,
o Seu Santo Nome e o Seu amor para comigo.
Na oração de petição: aquele que ora,
continua a orar, até se tornar ele mesmo, ouvinte
do que Deus deseja para todos os seus filhos e filhas. A petição o arranca do individualismo e o situa no horizonte do
outro.
Ao mesmo tempo, minha vida se
abre para as necessidades de todos, tornando-me porta-voz dos mais carentes.
Nesse sentido, a petição arranca de meu egocentrismo, expandindo-me e
fazendo-me participar do mesmo fluxo do amor e do cuidado do Deus Pai/Mãe que
tudo sustenta e ampara.
4
– O que a Palavra me leva a falar com Deus?
Senhor, as diferentes petições dirigem a minha atenção no
sentido de orientar a minha vida e as minhas necessidades a partir de Deus. O polo
de atenção passa da minha necessidade para a bondade de Deus.
Tanto em sua forma reduzida
(Lucas) como em sua forma mais extensa (Mateus), a oração do Pai-Nosso não faz
referencia a nenhum dogma especificamente cristão: nem Trindade, nem Jesus como
Filho de Deus, nem Espírito Santo, nem Igreja, nem Eucaristia, nem
sacramento... Também não contém nenhuma referência que seja exclusivamente
judaica (nome de Javé, patriarcas, Moisés, Lei, Templo, cidade sagrada de
Jerusalém, expiação ritual, tradições nacionais, alimentos puros, purificações,
festas...).
Jesus orou como um judeu e assim
me ensinou a orar. Mas, ao mesmo tempo, o Pai-Nosso é uma oração universal, pois pode ser assumida por todos aqueles que creem
em Deus e se atrevem a invocá-lo com a expressão “Pai”, pedindo-lhe que seu Nome
seja santificado, que venha seu Reino,
que o pão seja partilhado, que o perdão seja um estilo de vida.
A oração do Pai-Nosso, portanto,
resgata-me da acomodação e me dá um choque de lucidez. Ela oxigena a minha
mente e implode meu conformismo; é instigadora e provocativa, uma fonte
inspiradora que me liberta da rotina “normótica” (vida sem criatividade e sem
inspiração).
5
– O que a Palavra me leva a viver?
Na petição, expresso a Deus, com
simplicidade e confiança, todas as minhas carências, meu ser radicalmente
necessitado.
Expresso diante de Deus meu
limite e minha impotência.
Manifesto a Ele minha confiança plena, baseada justamente no contraste
entre minha mesquinhez e o surpreendente “muito mais” da bondade e do amor de
Deus, pois Ele está, a todo momento, comunicando-me tudo, agindo sempre em meu
favor e para meu bem. Tudo procede das suas mãos providentes e cuidadosas.
Colocar-me em sintonia com Deus, e assim entender o
que é melhor para o verdadeiro bem
de todos.
Orar e saber ouvir o que
Deus quer de mim.
Orar e entrar em sintonia com a
Vontade do Pai.
A oração de petição me revela se realmente creio. Nela confesso que dependo de Deus.
A oração bem feita é a pedra de
toque de minha fé e de minha humildade. Aqui o que se destaca é a
certeza de que Deus me escuta.
Quando rezo encontro a força para fazer o que ia pedir a Deus.
Esse é o autêntico sentido
da oração de petição.
Fonte:
Bíblia Novo Testamento – Paulinas: Lc
11,5-13
Pe. Adroaldo Palaoro, sj – reflexão do
Evangelho
Desenho: Osmar Koxne
Sugestão:
Música: Orar costuma fazer bem –
fx 5 (3:13)
Autor: Pe. Zezinho, scj
Intérprete: Pe.
Zezinho, scj
Coro: Dalva, Karla,
Sueli, Vanessa, Luan
CD: Canções em fé maior
Gravadora: Paulinas Comep
Sugestão:
Música: Pai Nosso – fx 2 (3:15)
Autor: Pe. Zezinho, scj
Intérpretes:
Andreia, Dalva, Karla, Vanessa e Luan
CD: Iguais – Cantores de Deus
Gravadora: Paulinas
Comep
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