Leitura Orante – Ano Novo, 01 de janeiro de 2016
ANO NOVO – JUBILEU DA MISERICÓRDIA
“E todos os que ouviram os pastores
ficaram maravilhados com aquilo que contavam” (Lc 2,18)
ficaram maravilhados com aquilo que contavam” (Lc 2,18)
Texto Bíblico: Lc 2,16-21
1 – O que diz o texto?
No Evangelho de hoje, os pastores, ao encontrarem o recém nascido deitado na manjedoura, viram nele o rosto da misericórdia: chegou para eles um novo Jubileu; por isso, “voltaram glorificando e louvando a Deus por tudo que tinham visto e ouvido”. Chegou para eles, e para todos os excluídos da história, um novo tempo, tempo de libertação do império e da religião, o cancelamento de suas dívidas, a mesa compartilhada com todos, a festa que nunca se acaba, a solidariedade humanizadora, a vida expansiva...
Nisto consiste o jubileu da Misericórdia.
Mais um novo Ano de Graça se inicia, agora sob o impacto de uma proclamação: Deus é Misericórdia e nossa vocação cristã é viver misericordiosamente.
2 – O que o texto diz para mim?
Ser misericordiosos e compassivos é a vocação à qual todos nós, seres humanos, fomos chamados, inclusive aqueles que ainda não experimentaram o dom da fé ou mesmo a perderam. É o caminho para conseguir uma convivência leve, acolhedora e aberta. As Bem-aventuranças vão nesta direção, abrindo espaço para que o Amor misericordioso de Deus se transforme em motor da história.
Misericórdia. É a primeira, a última, a única verdade da Igreja, de todas as suas doutrinas, cânones e ritos. É o critério de juízo de todas as religiões.
A misericórdia é a luz e a chave de minha vida tão preciosa e frágil, de meu pequeno planeta tão vulnerável, do universo imenso e inter relacionado e do qual faço parte.
Misericórdia, segundo sua etimologia, significa entranha, coração, ternura para com o desfavorecido. Por isso é um dos nomes mais belos de Deus, que é como dizer “coração da Vida” e de tudo quanto existe.
3 – O que a Palavra me leva a experimentar?
Os textos bíblicos me mostram as “três graças” da Misericórdia: sua operosidade, ela é uma obra eficaz; sua bem-aventurança: ela estabelece na terra o Reino do céu; sua alegria: ela alegra quem a exerce e quem a recebe.
O papa Francisco expressa em sua Bula “Misericordiae Vultus” e faz um convite a mim, a você e a todos nós:
“Neste Ano Santo, poderemos fazer a experiência de abrir o coração àqueles que vivem nas mais variadas periferias existenciais, que muitas vezes o mundo contemporâneo cria de forma dramática.
Quantas situações de precariedade e sofrimento presentes no mundo atual!
Quantas feridas gravadas na carne de muitos que já não têm voz, porque o seu grito foi esmorecendo e se apagou por causa da indiferença dos povos ricos.
Neste Jubileu, a Igreja sentir-se-á chamada ainda mais a cuidar destas feridas, aliviá-las com o óleo da consolação, enfaixá-las com a misericórdia e tratá-las com a solidariedade e a atenção devidas.
Não nos deixemos cair na indiferença que humilha, na habituação que anestesia o espírito e impede de descobrir a novidade, no cinismo que destrói.
Abramos os nossos olhos para ver as misérias do mundo, as feridas de tantos irmãos e irmãs privados da própria dignidade e sintamo-nos desafiados a escutar o seu grito de ajuda.
As nossas mãos apertem as suas mãos e estreitemo-los a nós para que sintam o calor da nossa presença, da amizade e da fraternidade.
Que o seu grito se torne o nosso e, juntos, possamos romper a barreira de indiferença que frequentemente reina soberana para esconder a hipocrisia e o egoísmo” (N. 15).
4 – O que a Palavra me leva a falar com Deus?
Senhor, se eu conseguir recuperar as atitudes de misericórdia e compaixão em meu viver, estarei mergulhada na vivência essencial do Evangelho. O decisivo é que a Igreja toda se deixe reger pelo “Princípio-Misericórdia”, sem ficar reduzida simplesmente a somar “obras de misericórdia”.
A misericórdia é para os audazes e criativos, capazes de revolucionar a existência com atitudes maduras de amor profético, alargando espaços onde imperam somente a doutrina, os esquemas rígidos e as retóricas de poder e de juízo daqueles que não se deixam conduzir pela força humanizadora da Misericórdia.
No Documento de Aparecida, as tradicionais obras de misericórdia ganham nova feição, traduzindo-se em afirmação da dignidade humana, defesa incondicional da vida, promoção do bem comum, justa distribuição de renda, inclusão social, defesa dos direitos humanos, acesso aos bens culturais, salário justo e segurança alimentar (nn. 358-359).
5 – O que a Palavra me leva a viver?
Ao longo deste ano jubilar, deixar-me inspirar pela oração de Santa Faustina, humilde apóstola da Divina Misericórdia:
“Ajuda-me Senhor, a que meus olhos sejam misericordiosos, para que eu jamais suspeite ou julgue segundo as aparências, mas que busque o belo na alma de meu próximo e acuda em ajudá-lo;
- a que meus ouvidos sejam misericordiosos, para que leve em conta as necessidades de meus próximos e não seja indiferente às suas penas e gemidos;
- a que minha língua seja misericordiosa, para que jamais fale negativamente de meus próximos mas que tenha uma palavra de consolo e perdão para todos;
- a que minhas mãos sejam misericordiosas e cheias de boas obras;
- a que meus pés sejam misericordiosos para que sempre me apresse em socorrer meu próximo, dominando minha própria fadiga e meu cansaço.
- a que meu coração seja misericordioso, para que eu sinta todos os sofrimentos de meu próximo”.
Fonte:
Bíblia na linguagem de hoje – Lc 2,16-21
Pe. Adroaldo, sj – reflexão do Evangelho
Desenho: Osmar Koxne
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